terça-feira, 5 de outubro de 2010

Recordações da minha infância

Débora 
Como já era costume, em todas as tardes de Inverno, estava no parapeito da janela... A saudade entranhava-se na imensa neve fria e esmagadora.
- Já passou tanto tempo... - ao pronunciar estas tímidas palavras, senti um líquido quente e salgado que escorria ao longo do meu rosto gélido.
     Foi  exactamente há dez anos, tinha eu os meus ternos seis anos, era Natal, a casa estava toda decorada, o cheiro natalício andava por todo o lado e eu, com a minha doce ingenuidade, estava sentada no pavimento frio daquela divisão, os meus olhos verdes brilhavam como esmeraldas e esperavam com ansiedade. Estava a infringir todas as regras impostas pela minha mãe, mas a curiosidade de uma menina era sempre mais forte do que qualquer outra coisa.
 Esperava e esperava, mas ele nunca mais aparecia, já passava da meia noite… será que a minha mãe tinha mesmo razão? Será que aquele homem rechonchudo, de barbas brancas, vestido inteiramente de vermelho, só aparecia depois deu eu estar a dormir?
     Tentei... Juro que tentei, mas os meus olhos já estavam a ficar demasiado pesados, lutei com todas as minhas forças até que cedi e fechei os olhos.
     Acordei, olhei em meu redor e estranhamente reparei que estava na minha cama. Levantei o meu pequenino braço dos pesados cobertores e afastei um pouco da cortina. Os raios de sol entraram bruscamente, indicando-me que já era manhã. Calcei os meus chinelos e corri para junto da árvore de Natal.
Quando, finalmente, lá cheguei os meus olhos verdes brilharam como nunca. Estes nunca viram uma árvore tão recheada como aquela que estava diante de mim. Ouvi uns passos: eram os meus pais que vinham em meu encontro. Num longo abraço pronunciaram um ''Feliz Natal'', que valeu mais que todos aqueles presentes que estavam debaixo daquela árvore.
     Estremeci... Continuava ali ao parapeito da janela recordando todos aqueles bons momentos da minha infância.
     Infelizmente são apenas recordações.


10º2

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