sábado, 23 de outubro de 2010

O Jardim da minha infância

Lá estava ele, aquele pequeno jardim triste e sombrio, que só ganhava alguma alegria, quando eu corria ia muito e rodopiava livremente com a alegria própria de infância.
    Isto acontecia muito raramente, apenas quando eu visitava os meus avós. Até que num dos Verões, o meu alto robusto e envelhecido avô decidiu construir um pequeno baloiço. Pintou-o de laranja brilhante, que se iluminava pelo sol e cintilava como um pequeno cristal,  no meio daquele jardim verde e sombrio.
    Verão após Verão, um e outro miúdo se juntavam para baloiçar e sentir a liberdade provocada pelo vento suave nos cabelos e correr desorientadamente, dentre daquele verde que ganhava vida e magia ao longo do tempo, sendo irradiado pela alegria dos mais jovens.
    Ali, com o passar do tempo, fomos crescendo e fazendo novas descobertas, novos jogos e até mesmo nos bicharocos, que iam surgindo pela Primavera, jogavam e riam connosco e acabavam por partir no fim do Verão.
    Mas, não foram só esses animaizinhos que partiram.Com o passar dos anos todos nós crescemos e outros sonhos foram ganhando força e nós deixamos de conseguir ver e sentir a magia daquele jardim e do seu baloiço.
    O meu avô acabou por partir, e nós, uns mais cedo outros mais tarde, acabamos por abandonar aquele jardim.
    Hoje, quando lá regresso, encontro-o novamente sombrio e perdido, apenas com a pequena companhia do baloiço, agora enferrujado.
    O pequeno jardim é agora uma simples prova de como somos capazes de abandonar as memórias da nossa infância.

Érica 10º2

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