Eu sei que não costumo escrever coisas banais, mas ultimamente tenho dado por mim a vaguear num mundo que não o meu.
Dou por mim, por vezes, a imaginar o que acontecerá ao entrar num buraco negro e até, as vezes, começo a pensar que encontraria seres estranhos, completamente diferentes de nós, quem sabe seres com duas cabeças ou até mesmo três pernas.
Sei que isto parece coisas de criança, mas é algo que eu acho fascinante e que me faz perder imenso tempo, nestes pensamentos fantasiosos.
Mas não foi só para te falar dos meus pensamentos espaciais que hoje estou aqui a escrever. Além disto, queria contar-te o que há dias encontrei.
Há dias, numa das minhas explorações ao sótão, encontrei uma caixa já um pouco degradada, mas muito bonita, que estava completamente coberta por trapos e livros já antigos. Essa caixa estava cheia de pó, como quase todas as coisas que estavam no sótão, no entanto, fiquei apaixonada e trouxe-a para limpá-la muito bem.
Sem nunca imaginar o que teria lá dentro, comecei a limpá-la. Depois de toda limpa, abri-a e aí o fascínio foi total.
Dentro dessa caixa havia, entre muitas bonecas de trapos feitas pela minha avó, um caderno cheio de desabafos e coisas de adolescente. Como não reconhecia a letra, nem a forma de desabafar, decidi esperar pela minha mãe para lhe perguntar a quem pertencia aquela espécie de diário, já com as folhas amarelas e a capa vermelha a se desfazer.
Quando a minha mãe chegou, perguntei-lhe logo a quem pertencia aquele diário e ela disse-me que era da minha bisavó Matilde. Visto que era de alguém com quem nunca tinha chegado a falar, a minha curiosidade por lê-lo triplicou.
Comecei logo a lê-lo e percebi que o diário estava a levar-me para uns quantos anos atrás, em plena 2ª guerra mundial.
Todas as passagens escritas nesse diário eram fascinantes, mas a que me fez chamar mais à atenção foi a passagem que contava a chegada de um barco, onde vinham imensos judeus, que fugiram da Alemanha, visto que Hitler queria matá-los.
Esse monte de pessoas que vinha à procura de nada, foi pedindo abrigo às pessoas que estavam no cais.
A minha trisavó, muito simpática, abrigou uma família que tinha um rapaz da idade da minha bisavó, curiosamente aquele que viria a ser o meu bisavô.
Nas restantes páginas do diário, havia o desenrolar de uma história de amor proibido, entre duas religiões completamente diferentes.
Ter encontrado este diário fez com que percebesse um pouco mais sobre quem sou eu e como o amor acaba por superar qualquer barreira, mesmo que ela seja do tamanho de uma religião.
Fabiana Rodrigues Nº8 10º2